EBS do Vale do Âncora :: A turma VA1B e os fundamentos da Democracia
De acordo com as orientações legais em vigor e por imperativo de cidadania, todas as turmas da escola pública devem proceder à eleição dos representantes dos alunos, o delegado e o subdelegado de turma. Este processo é tão mais interessante quanto mais jovens são os alunos, uma vez que a ingenuidade natural da sua tenra idade acrescenta uma espontaneidade que enriquece as dinâmicas geradas. Assim e neste ano letivo 2021/2022, a minha turma de 1.º ano de escolaridade, com cinco alunos ainda com cinco anos e treze alunos com seis anos, percebeu imediatamente que, como eram provenientes de jardins de infância diferentes, a primeira tarefa seria a de se conhecerem melhor para, de seguida, poderem fazer escolhas.
Esta primeira fase durou cerca de um mês e, na mesma, decorreram as eleições autárquicas cuja realização, paralela à vida da escola, nos permitiu, pela sua importância, legitimar o nosso próprio processo. Findo o prazo estabelecido para os alunos se conhecerem melhor, começou a discussão para que os alunos compreendessem a importância de escolherem os seus representantes, as funções a desempenhar pelos mesmos e a forma como deveríamos proceder à escolha. Esta última recaiu sobre um processo eleitoral direto, o mais democrático de todos (um aluno - um voto), para o qual se tornou necessária a elaboração dos boletins de voto, dos quais constavam todos os alunos.
A fase seguinte foi a da apresentação dos candidatos (todos os alunos), a qual permitiu uma avaliação dos perfis de cada um dos candidatos e a maior ou menor adequação às funções para que seriam eleitos (embora orientado pelo professor, este momento foi marcado por uma relevante reflexão individual). Alguns intervalos das atividades letivas foram marcados por uma campanha eleitoral informal, na qual se trocaram diferentes opiniões. Chegado o dia da eleição, 20 de outubro, e com o nervosismo inerente à concretização ou não das aspirações de cada aluno, realizou-se o processo eleitoral, o qual, após o escrutínio que decorreu com a participação direta dos alunos, ditou resultados que, democraticamente, foram respeitados por todos. Este momento de escrutínio permitiu abordar conceitos como caderno eleitoral, votantes, votos expressos, abstenção, votos nulos, votos em branco e votos válidos.
Uma vez que não se verificaram empates, não foi necessário realizar uma “segunda volta” e a Marta, com seis votos, e a Sofia, com dois votos, foram eleitas respetivamente delegada e subdelegada da nossa turma.
Para além do enorme enriquecimento multidisciplinar que este processo promoveu junto de todos os alunos, cuja grandeza é impossível de dimensionar, sobressai a serenidade democrática com que todos os alunos aceitaram os resultados da eleição, compreendendo a responsabilidade que passou a recair sobre as colegas eleitas e ajudando-as ao sucesso das tarefas que, diariamente, lhes estão destinadas na gestão da vida da nossa turma.
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